sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Tentativa de diálogo


Por que está quieto, Dante?
*Eu sou quieto.
Por que desnamorou?
*Porque amava sozinho.
E por que dos olhos vermelhos?
*Porque no chão tem poeira.
Não entendi.
*São os rodapés.
Agravou!
*É a tristeza, sabe?
A tristeza no chão?
*Não, na que vem.
De onde ou com quem?
*Com a que desnamorei.
A que amou outrora?
*Na mosca!
Mas ajuíze logo o rumo.
*Rumo de quê?
Da conversa, homem.
*Que foi que não engoliu?
Quase tudo.
*Não tenho bola de cristal.
Dei com os burros n’água outra vez...
*Só pergunte e lhe esclareço, diabos!
Que tem a poeira, com rodapés e os olhos?
*Por que ela vem, mas o amor já se foi.
Vai começar rodear?
*É que me dói olhar.
O que lhe fere os olhos?
*A amada nas retinas, mas dói no peito.
Diga logo de uma vez!
*Tentando despistar a tristeza, eu jogo os olhos nos rodapés.
Mas e a poeira, onde entra nessa história?
*Não lhe disse que tenho olhos de rodapé?
Sim, mas e a poeira, onde entra nisso tudo?
*Entra nos meus olhos, não vê como a cidade anda suja?

Outubro, 2009

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